quinta-feira, 17 de março de 2016

Família e escola

* Augusto Amenarthas
Família e escola
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Nos dias atuais, vemos uma confusão nos papéis entre o que é dever da escola e da família. Os pais pensam que é a escola quem deve educar e dar bons modos, e também confundem educação com escolarização, educação é a formação de uma pessoa, é tudo aquilo que ele deveria aprender com a família (ter bons modos, respeitar os mais velhos, pedir licença, etc.), já a escolarização faz parte da educação, mas é a parte que compete à escola (os conhecimentos que a escola passa e o professor tem a obrigação de ensinar), mas não podemos achar que tudo é papel da escola, ela faz a parte dela e a família deve também fazer a sua.
Um pai perguntou a um professor e filósofo chamado Mario Sérgio Cortella, o que a família pode fazer para ajudar na educação dos filhos? Aí há uma inversão, não é a família que ajuda à escola na educação dos filhos, é o contrário, é a escola que ajuda a sua família na educação dos seus filhos. Vocês têm 3, 4, 5, 6 filhos por 24 horas, nós temos 30, 40 alunos por apenas 4 horas, se vocês tem dificuldade, imaginem para o professor com essa quantidade na sala.
A tarefa de educar é da família, e quando ela não cumpre a tarefa dela, a escola não consegue sozinha, por isso é que é tão importante essa parceria, pois alguns pais vivem numa situação de submissão com os filhos. Veja um exemplo. No passado, uma família quando chegava numa lanchonete, num restaurante, ou qualquer lugar, o pai ou a mãe diziam: sente aqui, e ele sentava. A frase de hoje é, “filhinho” onde você quer sentar? O que você quer comer? O que você quer vestir? Você dar a uma criança pequena, uma liberdade exagerada em nome de um carinho que ao invés de educar vai deseducar, onde em alguns casos não há necessidade nenhuma dele escolher aquilo que tranquilamente os pais poderiam escolher por eles.
E quando a criança desobedece? O que os pais devem fazer? Não é para espancar, mas dar uma educação firme, se precisar bater, que bata, porém sem espancar, mas se não acha necessário bater, apenas castigue, fale firme, tire aquilo que ele mais gosta, e se der um castigo, cumpra, nunca prometa e não cumpra, se disser que  ele não vai, não deixe ele ir e pronto. Isso se aplica também aquilo que nós prometemos de bom, se em algum momento você disser que vai dar ou fazer alguma coisa a seu filho, faça, porque sendo assim ele cria confiança e sabe que no que você disser ele pode confiar.
Outra coisa importante para a educação dos filhos é nunca a ordem que um deu o outro tirar. Por exemplo, se o pai disser que não, é não e pronto (ou vice-versa), o que não pode é um tirar a autoridade do outro, isso faz com que a criança não queira cumprir regras, porque ele sempre vai achar que tem uma forma de transgredir essa regra; ele já está acostumado de casa.
Quando a criança é formada numa família sem autoridade, ela come o que quer, veste o que quer vestir, assiste o que quer até a hora que quer (às vezes sem acompanhamento dos pais, vendo cenas inadequadas para a idade deles) o lugar que ela vai encontrar alguém que tenta colocar ordem nessa falta de limites é na escola, aí é onde o professor pergunta, por exemplo, cadê o material? Fez o dever de casa? Ou simplesmente pede para guardar o celular aí eles partem para cima do professor com comportamento rebelde ou até mesmo agressivo.
Nunca houve tantos casos de violência de alunos contra professores como estamos tendo agora, isso acontece porque nós somos o primeiro adulto que decide exercer autoridade sobre ele (lembrando que exercer autoridade não é ser autoritário e não são todas as crianças que se enquadram nessa situação).
Temos pais que reclamam porque está indo dever de casa, porque a professora colocou de castigo, porque colocou falta num aluno que saiu de casa para ir para a escola, mas não entrou na sala de aula, outros reclamam porque está fazendo dever demais e para piorar, às vezes esses mesmos pais dizem que não sabem mais o que fazer com um filho de 7 anos, se eles não sabem o que fazer agora e quando ele tiver 17? Isso é muito perigoso, porque estamos formando uma geração mais fraca, preguiçosa e sem limites.
Portanto, a escola precisa do apoio da família, mesmo que os pais não saibam ensinar o dever de casa dos filhos, mas que pelo menos mandem estudar, cobrem deles, olhem o dever, mesmo que não respondam com eles, porque fazendo isso eles se sentem mais amados e percebem que alguém se interessa por eles.

A escola está disposta a fazer a parte dela e trabalhar junto com a família, cada um fazendo a sua parte (família e escola) para que o aluno possa cada vez mais ser escolarizado com qualidade, mas principalmente, que formemos cidadãos de bem.

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Graduado em Pedagogia e Pós-graduado em Psicopedagogia Institucional e Clínica
Texto fundamentado numa entrevista de Mário Sérgio Cortella, professor e sociólogo.

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